A Dialogicidade do Motion
Todo filme de Motion Graphics possui um discurso retórico, uma vez que se está tentando convencer alguém sobre alguma coisa, ou seja, querendo ou não, nós, Motion Designers, fazemos o uso da rhetorica utens, ou o uso de recursos persuasivos. Sob essa ótica, o Motion Designer será responsável por trabalhar o diálogo com o seu espectador, uma vez que, de acordo com Burke (A Rhetoric of Motives, Nova York, 1955, Apud BONSIEPE, Gui. Retórica Visual/Verbal, Ulm, 1965 In: BIERUT, Michael; HELFAND, Jessica; HELLER, Steven; POYNOR, Rick. Textos Clássicos do Design Gráfico, São Paulo, 2019, p.177)
“Ela (a retórica) só se dirige ao homem na medida em que ele é livre… Quando ele é obrigado a fazer algo a retórica é supérflua…”
Ou seja, não existe retórica sem diálogo, sendo assim o Motion Graphics relaciona-se de forma dialógica — argumentativa — com o receptor, e cada decisão tomada sobre a forma e o conteúdo do filme deve ser racional, buscando causar o menor ruído possível na mensagem que será transmitida. Assim, acredito que a busca por uma teoria geral do Motion possa convergir para o seu objetivo de persuasão narrativa, tentando traçar princípios e fórmulas universais para esta linguagem.
A verdade é que existem poucos escritos teóricos sobre o nosso ofício, e os que encontramos por aí parecem impor uma dependência entre o Motion e o Design Gráfico, ou o Motion e a Animação; eu quero propor uma visão autônoma, uma “ciência” que vai muito mais além do que uma ramificação de uma área maior, para mim o Motion é um sistema complexo de comunicação independente, e desejo traçar hipóteses que podem-se aplicar ao nosso ofício de maneira geral, algo como uma gramática do Motion Design.